Fontes:
Historiador Milton Teixeira - Pesquisas e estudos na Internet - Real Gabinete Português
A
FEITORIA.
Quando
da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, este recomendou que o
escrivão Pero Vaz de Caminha relatasse tudo numa carta ao rei, despachada para
Portugal a 1º. de maio de 1500, na nau de mantimentos, chefiada pelo piloto
Gaspar de Lemos. Uma vez recebida a missiva, o Rei D. Manuel fez um acordo com
o judeu Fernão de Loronha para montar uma esquadra que cuidasse da exploração
da costa e ulterior colonização. A pequena esquadrilha era composta por três
navios. Um dos pilotos foi Gaspar de Lemos, mas até hoje não temos certeza
quanto ao comandante. Segundo o Barão do Rio Branco, teria sido André
Gonçalves. Porém, outros indicam o próprio Gaspar de Lemos, Gonçalo Coelho ou
Nuno Manoel. Por sua vez, sabemos com certeza quem foi o cartógrafo da
expedição: Américo Vespúcio. Aliás, tudo o que sabemos dessa viagem é por seus
escritos particulares ao amigo italiano Solderini, pois todos os documentos
portugueses foram perdidos.
AMÉRICO VESPÚCIO
Américo Vespúcio foi um mercador, navegador, geógrafo, cosmógrafo italiano e explorador de oceanos ao serviço do Reino de Portugal e de Espanha que viajou pelo, então, Novo Mundo, escrevendo sobre estas terras a ocidente da Europa.Considerado o maior da sua época.
O certo
é que a expedição partiu do Tejo, a 10 de maio de 1501, tendo aportado na costa
nordestina, provavelmente em Alagoas, em agosto. À medida que os navegantes iam
descobrindo um acidente geográfico, o cartógrafo Américo Vespúcio aplicava-lhe
o nome do Santo do dia. Não tinha de quebrar a cabeça, bastava consultar o
calendário.
Foram
assim avistando e batizando sucessivamente:
A 16 de agosto de 1501 – Cabo de São Roque.
A 28 do mesmo mês e ano – Cabo de Santo Agostinho.
A 29 de setembro de 1501 – Rio São Miguel.
A 30 do mesmo mês e ano – Rio São Jerônimo.
A 4 de outubro de 1501 – Rio São Francisco.
A 21 do mesmo mês e ano – Rio das Virgens.
A 1º. de novembro de 1501 – Baía de Todos os Santos.
A 13 de dezembro de 1501 – Rio Santa Luzia.
A 21 do mesmo mês e ano – Cabo de São Tomé.
A 30 de dezembro de 1501 – Cabo Frio, o primeiro assim
denominado fora do calendário eclesiástico, haja vista que os nautas ficaram
impressionados com a baixa temperatura das águas naquele lugar.
No dia
1º. de janeiro de 1502 chegaram diante da barra de uma grande baía. Esta
nomeação também fugiu da praxe até então obedecida, pois a batizaram de Rio de
Janeiro.
Da esquerda para direita temos o Pão de Açucar, a Enseada de Botafogo, o Morro da Viuva, a Praia do Flamengo, o Delta da Carioca, o Morro da Glória, a Praia da Glória, a Praia da Lapa, a Lagoa do Boqueirão da Ajuda e o Morro do Castelo.
A viagem
continuou, e os Santos voltaram a ser lembrados para os nomes dos acidentes que
apareceram depois:
A 6 de janeiro de 1502 – Angra dos Reis.
A 20 do mesmo mês e ano – Ilha de São Sebastião.
A 22 do mesmo mês e ano – Ilha de São Vicente.
A 2 de fevereiro de 1502 – Cabo de Santa Marta.
Porque o
batismo de nossa bela enseada não obedeceu ao padrão então seguido?
Muito simples. Naquela época, em primeiro de Janeiro nenhum Santo era homenageado. Era apenas a data da Circuncisão de Cristo. Ora, Vespúcio teve o bom senso de não dar o título de “Baía da Circuncisão”. Isso seria chocante. Daí o expediente de chamá-la de Rio de Janeiro.
E porque rio, em vez de baía?
Muitos historiadores apostam numa distração de Vespúcio, que teria confundido a foz da Guanabara com a entrada de um grande rio. Eu não acredito que o maior cartógrafo do mundo tenha cometido erro tão crasso. Em verdade, era usado no século XVI o termo “ria” para designar uma entrada de baía. Não é impossível, portanto, que o primeiro nome português de nossa baía tenha sido “Ria de Janeiro”, designação que, por metaplasma popular, acabou corrompida para Rio de Janeiro, em uso até nossos dias.
E, claro, “de Janeiro”, porque a descoberta ocorreu precisamente no primeiro dia desse mês.
A baía, entretanto, já tinha nome há muitos séculos. Os índios tamoios, moradores daqui, chamavam-na de Gana-Bará ou Gana-Pará, que quer dizer “Seio de Mar”.
No ano seguinte, em 1503, veio ao Brasil uma segunda expedição, esta sim, sem dúvida alguma, chefiada por Gonçalo Coelho, e com o mesmo Américo Vespúcio como cartógrafo. Era composta por seis navios e vinha com a missão de fundar feitorias em nossa costa.
Mais isso contamos na próxima postagem .
PORQUE QUEM NASCE NO RIO DE JANEIRO É CHAMADO DE CARIOCA?
Historiador Milton Teixeira - Pesquisas e estudos na Internet - Real Gabinete Português
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